A Polícia Federal desvendou um esquema de compra de votos envolvendo políticos, cabos eleitorais, advogados e financiadores em Caxias, município do Maranhão, durante o período das eleições municipais de 2024. Segundo as investigações, o esquema era abastecido com recursos provenientes de atividades ilegais, como casas de apostas clandestinas (Bets) e até do tráfico de drogas.
O inquérito teve início a partir do cumprimento de um mandado de busca e apreensão contra Othon Luiz Machado Maranhão. No celular apreendido com ele, os agentes encontraram conversas comprometedoras com Vitória Maria Morais Azevedo. Posteriormente, o celular de Vitória também foi apreendido, revelando uma rede articulada de compra de votos envolvendo pagamentos em dinheiro, transferências via Pix e promessas de cargos públicos.
Entre os trechos extraídos das mensagens, chama atenção o diálogo com Leonardo Dirmo, irmão de Vitória, no qual, no próprio dia da eleição, eles negociam o pagamento de R$ 200 por três votos, mesmo cientes do monitoramento da PF. Outra mensagem interceptada mostra Josué, envolvido no esquema, sendo orientado a aguardar um momento de menor movimentação para efetuar o “acerto” e não levantar suspeitas.
A investigação revelou ainda uma tentativa de obstrução da Justiça. Em conversas recuperadas, o advogado James Lobo orienta Vitória a mentir durante depoimento à Polícia Federal para evitar a apreensão do celular, sugerindo que ela alegasse ter esquecido o aparelho em casa ou no carro.
A Polícia Federal continua colhendo provas e depoimentos, e não descarta o envolvimento de outros candidatos e operadores do esquema. A Justiça Eleitoral também foi acionada e deve avaliar as implicações legais das descobertas, que podem culminar em cassações e inelegibilidade dos envolvidos. A operação reforça os alertas sobre o uso de dinheiro ilícito no financiamento de campanhas políticas e a urgência de medidas mais rigorosas contra corrupção eleitoral.