Estudo da OCDE revela que diploma universitário pode mais que dobrar salário no Brasil
Mas desafios como evasão e baixa qualidade persistem, dificultando o retorno sobre o investimento e o acesso a oportunidades.
Por Administrador
Publicado em 09/09/2025 09:13
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Acesso ao ensino superior aumenta as chances de emprego e eleva salários, mas desafios como evasão persistem no Brasil, segundo a OCDE. (Foto: Arquivo/Agência Brasil)

EDUCAÇÃO - Ter um diploma de ensino superior no Brasil faz uma enorme diferença: aumenta as chances de emprego e eleva significativamente os salários. Segundo um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), brasileiros de 25 a 64 anos com ensino superior ganham, em média, 148% a mais do que aqueles que só têm o ensino médio. Essa diferença salarial é muito maior do que a média dos países da OCDE, que fica em 54%.

 

Apesar do grande retorno financeiro, o acesso ao ensino superior no Brasil ainda é limitado, com apenas 20,5% dos brasileiros com 25 anos ou mais possuindo um diploma universitário. A situação se agrava com a alta taxa de evasão: 25% dos estudantes abandonam os estudos após o primeiro ano, quase o dobro da média da OCDE, que é de 13%.

 

Os desafios do ensino superior no Brasil

O relatório "Education at a Glance" (EaG) 2025 da OCDE destaca vários pontos de preocupação no cenário educacional brasileiro:

 

Evasão Escolar: Menos da metade dos estudantes (49%) conclui o curso superior em até três anos após o período esperado de conclusão, enquanto a média da OCDE é de 70%. O estudo sugere que a alta evasão pode ser resultado de um descompasso entre as expectativas dos alunos e o que é oferecido pelas universidades, além da falta de orientação e apoio.

 

Jovens fora do mercado de trabalho e educação: Cerca de 24% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos não estão empregados nem estudando. Essa taxa é significativamente mais alta que a média da OCDE (14%) e atinge mais mulheres (29%) do que homens (19%).

 

Baixo investimento por aluno: O Brasil investe US$ 3.765 por aluno no ensino superior, um valor muito abaixo da média da OCDE, que é de US$ 15.102. No entanto, quando comparado ao Produto Interno Bruto (PIB), o investimento brasileiro (0,9%) é semelhante ao dos países da organização.

 

Baixa qualidade e relevância: Uma pesquisa da OCDE mostra que mesmo entre adultos com diploma universitário, 13% em média nos países participantes têm dificuldade para ler textos complexos, o que demonstra a necessidade de melhorar a qualidade da educação oferecida.

 

Soluções propostas

 

Para o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, a baixa taxa de conclusão universitária é um desafio que compromete o retorno sobre o investimento público. Ele sugere algumas ações para melhorar a situação, como:

 

Fortalecer a preparação acadêmica e a orientação profissional no ensino médio.

 

Criar programas de ensino superior com cursos bem definidos e apoio extra para estudantes com dificuldades.

 

Oferecer opções de ensino mais flexíveis e personalizadas, com processos de admissão que considerem diferentes perfis de alunos e ofertas de cursos mais curtas e direcionadas.

 

Essas medidas, segundo o relatório, são cruciais para que o Brasil expanda o acesso e melhore a qualidade e relevância do ensino superior.

 

Fonte: Agência Brasil

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