Alerta: ONG revela aumento do trabalho infantil entre crianças de 5 a 9 anos no Brasil
Após queda em 2023, o número de crianças na primeira infância em situação de trabalho infantil cresceu 22% no ano passado, atingindo 122 mil, segundo dados do IBGE analisados por fundação
Por Administrador
Publicado em 24/09/2025 09:48
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Segundo a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, o número de crianças de 5 a 9 anos em situação de trabalho infantil aumentou 22% no último ano. (Foto: Ministério do Trabalho/Divulgação)

RIO DE JANEIRO – O Brasil registrou um aumento preocupante no trabalho infantil entre crianças de 5 a 9 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisados pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Após uma redução de 24% em 2023, o número de crianças nessa faixa etária em situação de trabalho infantil subiu 22% no ano passado, chegando a 122 mil.

 

A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que atua pela primeira infância, aponta que o percentual de crianças de 5 a 9 anos submetidas ao trabalho infantil foi o maior já registrado na série histórica iniciada em 2016. Em 2024, elas representavam 7,39% da população nessa faixa etária, superando o pico de 6,97% alcançado em 2022.

 

A CEO da Fundação, Mariana Luz, classificou o cenário como “inaceitável” e ressaltou que o trabalho infantil compromete o desenvolvimento e o futuro dessas crianças, reforçando desigualdades sociais. Ela atribui parte do aumento à inserção de famílias de baixa renda no mercado de trabalho informal.

 

Desigualdade racial e metas da ONU

 

A análise dos dados revela que o trabalho infantil afeta desproporcionalmente crianças negras no Brasil. Enquanto crianças pretas e pardas representam 66% da faixa etária de 5 a 9 anos, elas correspondem a 67,8% das crianças em situação de trabalho infantil.

 

“Isso revela, de forma cristalina, uma falha estrutural gravíssima do país: onde existe pobreza, invisibilidade social e racismo, as crianças negras são as que mais sofrem”, afirmou Mariana Luz.

 

Apesar da alta nessa faixa etária, o número geral de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil cresceu apenas 2% de 2023 para 2024, mas teve um recuo de 21,4% em oito anos. A situação do Brasil ainda está longe de alcançar a meta da ONU de erradicar todas as formas de trabalho infantil até 2025.

 

Redução das piores formas e impacto do Bolsa Família

 

Um dado positivo apontado pelo IBGE é a redução recorde do trabalho infantil nas chamadas Piores Formas (Lista TIP), que incluem atividades perigosas e insalubres. O contingente de crianças e adolescentes nessas atividades caiu 39% em relação a 2016, totalizando 560 mil pessoas em 2024.

 

O estudo também mostrou uma diminuição na diferença de trabalho infantil entre famílias que recebem o programa Bolsa Família e a população em geral. Nos domicílios assistidos, o percentual de crianças e adolescentes nessa situação é de 5,2%, enquanto na média nacional é de 4,3%. A diferença, que era de 2,1 pontos percentuais em 2016, caiu para 0,9 em 2024.

 

Para denunciar casos de trabalho infantil, a população pode ligar para o Disque Direitos Humanos (Disque 100), um canal gratuito.

 

Fonte: Agência Brasil

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