O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu nesta quarta-feira (9) à decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Em nota publicada em sua conta no X (antigo Twitter), Lula afirmou que o Brasil responderá à medida com base na Lei da Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/2025), aprovada em abril, que permite a aplicação de tarifas equivalentes em casos de ações comerciais unilaterais.
“A tarifa será respondida à luz da lei brasileira”, declarou Lula, ressaltando que os dados citados por Trump sobre o suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil são falsos. Segundo o presidente, estatísticas oficiais dos próprios EUA apontam que, nos últimos 15 anos, os americanos acumularam superavit de US$ 410 bilhões na balança comercial com o Brasil.
Trump justificou o aumento das tarifas com base em críticas ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e em alegações de "ataques à liberdade de expressão" por parte do STF, que ele acusou de impor ordens de censura a plataformas de mídia dos EUA. Em resposta, Lula reafirmou que o Brasil tem instituições independentes e que não aceitará ingerência externa. Disse ainda que o combate a conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil e tentativas de golpe é parte da legislação brasileira, à qual todas as empresas, nacionais ou estrangeiras, devem se submeter.
A nota do governo foi divulgada logo após uma reunião emergencial no Palácio do Planalto, que contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, do ministro da Fazenda Fernando Haddad, do chanceler Mauro Vieira e do assessor especial Celso Amorim. A escalada das tensões ocorre em meio à campanha eleitoral nos EUA, em que Trump tem adotado um tom cada vez mais nacionalista e protecionista.
A nova tarifa anunciada por Trump entra em vigor em 1º de agosto de 2025 e poderá afetar diversos setores da economia brasileira. Caso o Brasil adote medidas de retaliação, Trump ameaçou somar esses valores à tarifa inicial, elevando ainda mais o custo das exportações brasileiras aos EUA.
