STF inicia julgamento de Bolsonaro e aliados pela acusação de trama golpista
Se condenados o ex-presidente e outros sete réus podem pegar penas que ultrapassam 30 anos
Por Administrador
Publicado em 02/09/2025 10:24
Notícia
A Primeira Turma do tribunal decidirá se os réus serão condenados ou absolvidos. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil).

 Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou nesta terça-feira, 2 de setembro, o julgamento que definirá o futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sete de seus aliados. O grupo é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de tramar um golpe para reverter o resultado das eleições de 2022.

 

O julgamento está previsto para durar oito sessões, programadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. As manifestações das defesas e da acusação, a cargo do procurador-geral Paulo Gonet, devem ocupar o primeiro dia. A votação dos ministros que irá condenar ou absolver os réus deve começar somente nas próximas sessões. As penas podem ultrapassar os 30 anos de prisão.

 

Quem são os réus e do que são acusados?

Os réus, que fazem parte do núcleo crucial da denúncia, são:

 

Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;

 

Alexandre Ramagem - ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);

 

Almir Garnier - ex-comandante da Marinha;

 

Anderson Torres - ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;

 

Augusto Heleno - ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);

 

Paulo Sérgio Nogueira - ex-ministro da Defesa;

 

Walter Braga Netto - ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e vice na chapa de Bolsonaro em 2022;

 

Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

 

Todos respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

 

O caso de Alexandre Ramagem, que hoje é deputado federal, tem uma particularidade: ele teve parte das acusações suspensas e responde somente por três dos cinco crimes. Isso ocorre devido a uma previsão na Constituição.

 

Como será o julgamento?

 

A sessão desta terça-feira foi aberta pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, fez a leitura do relatório, um resumo de todas as etapas do processo.

 

Após a leitura, a palavra será passada para o procurador-geral, que terá até duas horas para defender a condenação dos réus. Em seguida, os advogados dos acusados terão até uma hora para suas sustentações orais.

 

A votação, prevista para as próximas sessões, começará com o voto de Alexandre de Moraes, que irá analisar as questões preliminares levantadas pelas defesas, como pedidos de nulidade da delação de Mauro Cid e a alegação de cerceamento de defesa. Depois, ele se manifestará sobre o mérito, decidindo se condena ou absolve os acusados e qual a pena a ser aplicada.

 

O resultado do julgamento será decidido pela maioria dos cinco ministros que compõem a Primeira Turma: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Cristiano Zanin.

 

Acusações detalhadas

 

A denúncia da PGR aponta que os acusados estariam envolvidos na elaboração do plano "Punhal Verde e Amarelo", que incluía o sequestro ou assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente, Geraldo Alckmin.

 

Outro ponto central da acusação é a chamada "minuta do golpe", um documento que, segundo a PGR, era de conhecimento de Bolsonaro e seria usado para decretar medidas de estado de defesa e de sítio, com o objetivo de anular as eleições de 2022 e impedir a posse de Lula. O envolvimento dos réus nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 também é citado na denúncia.

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